quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é Natal...

Passa das 5h00 e cá estou para algumas poucas linhas. A garoa fina não dá trégua desde a noite de ontem e parece parodiar a neve dos contos natalinos. Então é Natal...

Sim, é o tão esperado e arquitetado 25 de dezembro. Uma data em que ao longo dos anos perdeu o sentido na frenética e egocêntrica corrida material. Todos querem comprar tudo. Querem ter tudo. E ao mesmo tempo. Os shoppings da Paulicéia pareciam a 25 de Março em dia de pico.

Uma semana desesperadora. Numa cidade em que todos caminham numa velocidade acima do normal, não só a semana, como o mês de dezembro rendeu estresse ao invés de comemoração. Barulho, gente apressada, trânsito intenso, buzinas, esbarrões, enfim, o paulistano enfrentou uma gama de aborrecimentos para o tão aguardado dia de Natal.

Agora pergunto: Estão felizes agora? Com seus presentes e seus limites de crédito estourados? Preparados para a ressaca econômica já no comecinho de 2009? Não quero ser pessimista mas não acho que seja o momento ideal para torrarmos todo o suado salário do mês e satisfazer nosso ego consumista. Porque sei muito bem disso. É prazeroso gastar dinheiro. Pra isso é que trabalhamos dia após dia. Só precisamos aprender a não gastar tudo. Ou melhor, a não gastarmos adiantado.

Um conselho para o próximo Natal: tente resgatar o verdadeiro prazer de reunir a família, os amigos e abraçá-los com sinceridade. Quando criança aprendi que essa data era para festejarmos o nascimento de Jesus e olha que naquela época os shoppings eram poucos. E para poucos. Então as pessoas eram mais unidas, mais amáveis. Não que não o sejam mais nos dias de hoje, mas esse consumismo desenfreado tirou o brilho do Natal. Naquele tempo bastava uma uma roupa nova, um tênis novo e a alegria de rever tios, primos e amigos tinha um sabor especial, e muito melhor que o de hoje.

Portanto, no ano que vem, esqueça as compras. Ou ao menos, seja mais parcimonioso. Prefira semear carinho e amor ao próximo. E até o próximo...

Feliz Natal!!!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Brasil ainda tem jeito?

Hoje vou falar de um assunto que há alguns anos me sentia muito à vontade e com vontade de discutir, no entanto certos acontecimentos frustraram essa predisposição e consequentemente passei a priorizar e me importar com outros temas. Acredito que boa parte dos brasileiros também. De tanto apanharmos acabamos por “jogar a toalha”.


Nos idos de 88, 89, 90, tive uma professora de História que estimulou (ou tentou estimular) o lado político dos alunos da Escola Estadual Maria Juvenal, no Jd. Castro Alves, bairro em que morei boa parte de minha adolescência. Pois bem, na 8ª série, num colégio estadual da periferia de São Paulo, a revolucionária Iná Mércia Morton Ricardo (ela adotou esse sobrenome graças à dinastia Morton e ao Ricardo Coração de Leão) nos brindou com o Manifesto do Partido Comunista (Karl Marx e F. Engels) e com um livro de iniciação ao Socialismo, com as idéias do próprio Karl Marx. E ela dizia: “Estou preparando vocês para uma revolução”. Alguns poucos davam importância para as palavras dela, porque seu estilo de trabalho incomodava a maioria e a preocupação quase geral era decorar as respostas de seus questionários porque era quase impossível “colar” na prova dela. A solução, para muitos, era a boa e velha “decoreba”.


Enfim, a partir deste início, comecei a me interessar e acompanhar política com mais intensidade. Torci e comemorei como criança o impeachment de Collor, tirei título de eleitor aos 16 anos na esperança de querer fazer parte das mudanças, porém, hoje em dia não desperdiço meu voto mas ando muito descrente com a política nacional. Com raríssimas exceções, os políticos brasileiros parecem tomar como elogio a pecha de corruptos.


Experiências pessoais (frustradas ou não) à parte, o motivo deste texto é mencionar o índice de aprovação do governo Lula, divulgado pelo Ibope. Segundo a reportagem de Diego Abreu no site G1, o governo do ex-metalúrgico superou a maior aprovação de todos os tempos, 73%. O recorde pertencia ao governo Sarney, que em 86 obteve 72%. Vale ressaltar que o nordeste registrou 83% graças ao tão propalado bolsa-família. Posso voltar a acreditar na política nacional?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Desde o primeiro brinquedo

Religião. Não imaginei abordar esse assunto logo na segunda postagem porém, apaixonado pelo tema desde o primeiro brinquedo, vou agora, com extrema satisfação, registrar algumas impressões sobre o Brasileirão.

O quê? Você deve estar se perguntando: “Mas esse cara não acabou de falar que o assunto hoje é religião?”. E o que tem a ver Brasileirão com religião? Bem, na descrição acima eu já havia antecipado que falaria de religião...futebolística.

Então vamos lá:


O São Paulo está de parabéns pelo título, pela arrancada, por possuir uma espinha dorsal competente o bastante para manter a regularidade na competição e não desperdiçar pontos em casa como fizeram seus concorrentes diretos. E ainda conseguiu, quase sempre, beliscar pontos fora de casa (muitas vezes os três). O time é coeso e equilibrado, ninguém pode negar. Não assisti ao último jogo, frente ao Goiás. Fui ao Palestra Itália, lotado diga-se de passagem, acompanhar Palmeiras e Botafogo. Alegria e decepção, porque não fosse a goleada do Furacão sobre o Rubro-Negro carioca, o Palmeiras teria amargado (de novo!!!) a perda da vaga à Libertadores. Conseguiu por muita sorte. Porque o “melhor técnico do país” (só ele acha isso!?!) apático e ainda de tipóia (será que foi pra dor de cotovelo?)nada fez pelo time. Sequer ouvia-se sua voz. Muito diferente daquele enérgico Luxemburgo que virava jogo no intervalo.

Enfim, voltando a quem merece destaque, além do Muricy e do aclamado Hernanes (eleito o craque do campeonato), aponto como fundamentais nesta conquista: Rogério Ceni, Miranda, André Dias, Hugo, Dagoberto (inconstante, mas decisivo), Jorge Wagner e Borges (este, com apurado faro de gol). Essa é a tal espinha dorsal a que me referi linhas atrás. Os demais foram coadjuvantes. Um time que, ao vencer o Goiás, chegou aos 18 jogos sem perder merece a taça.



Parabéns, São Paulo!!!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um lugar para sentar e sonhar

Depois de muito tempo amadurecendo a idéia, eis aqui meu espaço de crítica, interação, observação, análise e "otras cositas mas". Pretendo falar de todos os assuntos e a sua participação é de extrema importância. Seu "feedback" será a mola propulsora de novas discussões, portanto, traga sugestões.
Quero compartilhar com você experiências que só São Paulo proporciona, na velocidade de um raio, porque amanhã é outro dia e tudo recomeça.
Os Paralamas do Sucesso, no disco Nove Luas, nos brindou com a canção Caminho Pisado. Cansei de voltar pra casa ao som dessa música, quer saído do trabalho ou do cursinho pré-vestiba. Vivenciando a letra, sempre. Cansado, suado, com muito sono e persistindo na batalha de conseguir um lugar pra sentar e sonhar na lotação. Vou transcrever a letra e o Youtube pode lhe proporcionar o áudio. Sempre ouço. Pra não esquecer que o caminho pisado foi espinhoso, continua sendo, mas a gente segue em frente. Alguns muito bem calçados, outros com um chinelo roído e outros enfrentando descalços mesmo, mas sem perder a fé.
Seja muito bem-vindo!!!

O Caminho Pisado
Os Paralamas Do Sucesso
Composição: (Herbert Vianna)

Da cama pro banho, do banho pra sala
O sono persiste, o sol já não tarda
A vida insiste em servir um velho ritual que sempre serve a tantos outros
O mesmo pão comido aos poucos
Se senta e abre o jornal
Tudo parece normal
Um dia a menos, um crime a mais
No fundo no fundo no fundo tanto faz
Já é hora de vestir o velho paletó surrado
E caminhar sobre o caminho pisado
Que conduz rumo à batalha que inicia a cada dia
Conseguir um lugar pra sentar e sonhar na lotação
E é tudo igual, igual, igual...
No fim dos dias úteis há os dias inúteis
Que não bastam pra lembrar ou pra esquecer de quem se é
O ar pesado nesse bairro pesado em plena barra pesada
A mão pesada vem oferecer
E conta os trocados contando vantagem
E toma uma bola, começa a viagem
E enquanto não chegar a velha hora que inicia cada dia
Em várias partes da cidade, por lazer ou rebeldia
A mão pesada se abrirá oferecendo a garantia barata de que tudo vai mudar
E é tudo igual, igual, igual...