quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Hermano" racista?

Quem joga bola ou acompanha futebol sabe muito bem que a catimba e a provocação fazem parte da peleja, no entanto, mais uma vez um filme deplorável parece ter se repetido. Da mesma escola de "atores" argentinos, Máxi Lopes mostrou em Belo Horizonte, na última quarta-feira, no jogo entre Cruzeiro e Grêmio pela Libertadores, que aprendeu direitinho com o compatriota Desábato.


Para quem não se lembra, Desábato, então jogando pelo argentino Quilmes, ofendeu Grafite, do São Paulo, num jogo da mesma Libertadores, em 2005. Este, chamou Grafite de "negro de merda"! Aquele, do Grêmio, segundo o lateral cruzeirense Elicarlos, o xingou de "macaco". Racismo barato e injustificável. E não me venha com a história do "sangue quente da partida", da "pressão" pela importância do jogo, que não cola.


O argentino se defende e diz que não xingou Elicarlos. O vice-presidente do Grêmio, André Krieger, também faz coro com Lopes e diz: "Foi uma acusação mentirosa, inventada pelo jogador do Cruzeiro e levada adiante pelos cartolas". E completou: "É coisa dos Perrelas da vida", referindo-se à família que comanda o Cruzeiro, segundo matéria publicada no site Terra.

Em princípio, prefiro acreditar no brasileiro, visto que há antecedentes "argentinos" neste ato torpe e desumano. Racismo não se perdoa e lembro-me (o UOL me ajudou a lembrar também) que Desábato passou 36 horas preso em São Paulo e ainda teve que desembolsar uns "pesos" pra voltar pra casa.


Máxi Lopes defende-se: "Foi um discussão normal de jogo"*


E Máxi Lopes? Prestou rápido depoimento e saiu de fininho. Voltou a Porto Alegre junto com a delegação gremista. Coisa de país sério. Dois pesos e duas medidas. Merecia ter passado pelo mesmo constrangimento de Desábato para, ao menos, sentir na pele o preço da infeliz provocação.

*Foto extraída do site do jornal Zero Hora - Tatiana Lopes

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Paz nos estádios

Quando decidi que queria ser jornalista, pelos idos de 1990, era muito ligado em política, conflito Israel/Palestina, Guerra do Golfo e outros acontecimentos daquele período. Pensava em ser correspondente internacional, cobrir guerras e explosões de homens-bomba mundo afora.

Mas numa bela manhã de domingo chega em minha casa o primo Cláudio, corintiano, em dia de clássico. Vamos ao Morumbi??? Abri um sorriso e topei no ato. Seria minha primeira de muitas visitas aos palcos do futebol paulista e consequentemente, como o passar do tempo, uma revisão nos planos profissionais.

Num curto espaço de tempo já conhecia o Palestra Itália, Pacaembu, Canindé e até o Bruno José Daniel, em Santo André. Neste dia, inclusive, em protesto contra o técnico Nelsinho Batista - medíocre até hoje - fui parar nas páginas do Diário Popular, hoje Diário de S. Paulo, numa foto da arquibancada em que, ao lado da massa palestrina, segurava a faixa de "elogios" ao treinador para forçá-lo a bater retirada. Todas as visitas extremamente calculadas em momentos dividos entre torcedor e futuro jornalista.

Estreei em 91, época em que as organizadas mediam força "no braço" e passaram a explodir bombas, usarem armas de fogo, etc. Enfim, de lá pra cá muitas tragédias aconteceram. Tinha 16 anos e sempre ia "à paisana", só pra acompanhar os fatos, porém, algumas vezes tive que me defender. Corri de organizada, me abaixei pra não levar pedrada em ônibus, enfim, já apanhei nessas investidas jornalísticas, mas também dei alguns sopapos como torcedor. Lei da vida, infelizmente. Mas a vontade de ver de perto tudo aquilo me fascinava. Torcia pela chegada do próximo clássico. Não perdia um. Sempre ia descaracterizado, mas não perdia a oportunidade de encontrar outros torcedores pelo caminho e lotar o ônibus, fazendo um tremendo escarcéu.

Nessas observações, notei que vez ou outra aparecia um vascaíno, um botafoguense. Isso é pra ilustrar que esse negócio de coligações entre torcidas sempre existiu. Palmeirenses com vascaínos e botafoguenses, corintianos e são-paulinos - recentemente - com flamenguistas e por aí vai. Em 2007, na última rodada do Brasileirão, no jogo entre Palmeiras e Atlético-MG, os atleticanos circulavam tranquilamente em meio aos palmeirenses na Rua Turiassu. Antes e depois do jogo, cujo placar dentro das quatro linhas (3 a 1 pros mineiros) tirou o Palmeiras da Libertadores e credenciou o rival Cruzeiro para o torneio sul-americano. Há um clima de hospitalidade entre elas, mas também um clima hostil por parte das adversárias.

Infelizmente esse "pseudo-ódio" entre torcedores vitimou mais um fã do esporte. Na última quarta-feira, torcedores de Corinthians e Vasco se enfrentaram na marginal após a partida que classificou o clube paulista à final da Copa do Brasil e (mais) um torcedor morreu. Certamente a motivação dos corintianos para essa tocaia foi saber que palmeirenses estariam no bolo. Esquecem que são seres humanos com a sorte de torcerem para clubes opostos. Selvageria desnecessária. Por qual motivo??? Estariam os corintianos revoltados com a classificação? Por que não foram comemorar no boteco mais próximo? Violência gratuita.


Estão propondo o jogo de uma só torcida. O futebol perderá com isso. A alegria de pedir silêncio do outro lado da arquibancada vai pelo ralo. Perde-se a emoção do gol. De ouvir das arquibacandas os gritos de incentivo, as vaias, tudo isso faz parte do espetáculo e precisa ser preservado.

O apelo é o de sempre: BASTA DE VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS!!!



*Foto extraída do: blogextracampo.files.wordpress.com em "Casa do Torcedor e Terreiro do Galo lançam a Campanha 'Paz nos Estádios – Blogueiros unidos em busca de Justiça' "