sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ok Sarney, você venceu, escolha a pizza!!!


Há dias estou ensaiando pra escrever sobre a bandalheira do Senado. O rapaz do bigode tem dominado a cena e como um Deus, ninguém consegue atingi-lo. Ele pinta e borda, todos sabemos – e descobrimos o quanto, nos últimos dias – há muito tempo. Mas de nada adianta parar a Paulista. Ele continua lá, tão intocável, que nem o presidente-camarada ousa dizer um “a” sobre ele.

Já não é de hoje que brochei com política. Desde 1990, quando bati o martelo que seria jornalista, então prestes a completar 15 anos, a coisa foi declinando. Primeiro um lampejo de esperança. Collor veio com tudo e prometeu caçar os marajás que deixavam comida apodrecer mas não levavam à mesa dos necessitados. Mesmo lendo o Manifesto Comunista de Marx e flertando com a bandeira vermelha, pensei: esse é o cara!!! Eu e alguns milhões de brasileiros embarcamos no embuste do espertinho. Mas eis que o tempo encarregou-se de desmascará-lo e nova esperança renascia. Vibrei com os votos pró-impeachment no Congresso. Elle caiu. Acreditei mais uma vez que o país tinha jeito.

As convicções esquerdistas ganhavam sentindo com o passar dos anos. Vieram novas eleições e a revolução que tanto sonhava ganhou corpo quando LULA tomou o poder. Eufórico, fui para a Paulista e esperei pelas primeiras palavras do metalúrgico-presidente. E ele me fez voltar pra casa mais eufórico ainda. Sim, Brasil, você ainda tem jeito. Lembro-me de cruzar com o jornalista Chico Pinheiro, tão feliz quanto eu e milhares de pessoas que terminaram aquele memorável domingo acenando bandeiras vermelhas.

Mas veio o escândalo mensalão. “Ah, mas o congresso sempre funcionou assim”, muitos diziam. Desencanei mais um pouco. Foquei nos amigos, na família, na música, no futebol. Não vou mais esquentar com isso, prometi. É inegável que Lula melhorou esse país. Mas se corrompeu pra isso e prova irrefutável se descortina agora, ao final de seus oito anos de mandato. Muitos discursos, acertos e alianças internacionais. Até herói de Barack Obama ele virou. Mas foi fraco – aliás, está sendo – e um tanto desleal com seu povo. Quem o elegeu e o reelegeu não esperava atitudes tão covardes em defesa de um corrupto inescrupuloso.

É de embrulhar o estômago ver Collor discursar e vociferar contra Pedro Simon em defesa de Sarney. Aliás, ver Collor lá de novo é aplacar um nariz de palhaço – com todo respeito à digna classe dos narizes de plástico – e rir da própria sorte.
Por mais que sejamos maioria, não adianta gritar contra Sarney, afinal, “a vaga no Senado é da família, né vô?”, atos secretos não existem e ele não tem culpa de nada.
Sinal de que não temos pra onde correr. Estamos enjaulados com leões famintos, bigodudos e cheios de razão. Não adianta chorar. Nem na Paulista.

Foto extraída do blog do Tas - marcelotas.blog.uol.com.br Montagem de Rafael Rosa - São Luís - MA

domingo, 9 de agosto de 2009

Herói estradeiro

Na descrição deste blog disse que escreveria, dentre outros assuntos, poesia. Não sou lá um Drummond e nem tenho hábito de exercitar esta verve, mas nunca é tarde para arriscar alguns versos. Este primeiro escrito aqui, será em homenagem aos pais de todo o planeta, e especialmente ao meu: Leônidas Barbosa da Silva, ou Léo, não só para os íntimos, mas para todo mundo.


Léo: sempre bem humorado e pronto pra luta


Herói estradeiro

Na distante Seabra nasceu um menino ligeiro
Seu sonho, desde moleque, era ganhar dinheiro
Leônidas, quis o destino, não nasceu boleiro
A vida lhe permitiu de ofício, ser caminhoneiro

Jovem, cheio de planos, veio pra terra da garoa
Conheceu a Joana, casou-se e ficou numa boa
E logo a família cresceu: o primeiro da fila fui eu
Sempre na boléia, dos quatro filhos ele nunca esqueceu


Quando voltava era sempre uma festa
O barulho do freio, abraço apertado, beijo na testa
Corríamos para o portão, gritando pelo Léo
Sempre que ele chegava nos sentíamos no céu


Um viajante sem rumo pelo Brasil inteiro
Conhece do Oiapoque ao Chuí
Percorre estradas, sol, chuva e atoleiro
Sempre bem humorado, lutando sem desistir
Como todo brasileiro que não deixa de sorrir