sábado, 23 de janeiro de 2010

São Paulo: muitas felicidades, muitos anos de vida!!!

Nesta segunda, 25, a amada Paulicéia completa 456 anos. Destes, me orgulho de estar presente em 34 deles. E nesse grão de tempo frente aos 456 desfrutados por pessoas dos quatro cantos do planeta tenho a impressão de que sou um privilegiado, por viver numa época em que a informação está ao alcance de todos (ou quase) e a facilidade de escrever uma homenagem e ser lido por mais pessoas além das que estão sob o meu teto é motivo de comemoração.


Quem vive aqui não teme violência, trânsito, chuva, trabalho. O povo paulistano contempla a cidade através da janela de trens e ônibus lotados, enfrenta a vida com bom humor apesar desses obstáculos e comemora a semana toda sexta-feira entre chopes e pastéis na calçada do botequim mais próximo. E por quê no mais próximo? Orra, pra jogar conversa fora e aliviar o trânsito oras, afinal é sexta-feira e não há pressa de ir pra casa se preparar pro dia seguinte.

Quem vive aqui tem sangue elétrico, anda apressado e sempre de olho no relógio. E a vida corre depressa. A mil por hora. Testemunhamos acidentes, tropeços na calçada, pedintes criativos e sempre arrumamos um jeito de sorrir. De se alegrar em algum momento do dia, extraindo motivos das cenas cotidianas que se descortinam à nossa frente, a todo instante.

Quem vive aqui tem sede de vencer, espírito guerrilheiro e objetivos concretos. Não espera nada do céu, do vizinho e principalmente do governo. Cada um constrói a sua história, tijolo por tijolo e se orgulha de subir degraus. E quanto mais íngreme a caminhada, melhor. Suar a camisa diariamente é estímulo pra continuar e percebe-se uma competição sadia entre os "guerrilheiros da cidade": é vencer ou vencer!

Quem vive aqui ama, sonha, ri, chora e também reclama: do trânsito, da falta de educação de alguns e da intolerância de outros. Reclama dos políticos que nada fazem, de quem joga lixo na rua e do ônibus que demora.

Quem vive aqui gosta de futebol, joga futebol, torce pelo futebol. Tem palmeirense, corintiano, são-paulino, santista e portuguesense. E quando vão aos estádios, que espetáculo. Vibram com gols, lamentam derrotas, gozam da cara dos amigos. E no dia seguinte? Virou passado e o torcedor derrotado inverte a gozação, relembra vitórias e promete a forra na revanche.

Quem vive aqui é feliz do jeito que pode. Do jeito que dá. Isso é São Paulo.

Escrevi o poema abaixo quando construí este blog. Ele faz parte da página, mas talvez passe despercebido. Neste momento de festa paulistana pelos 456 anos, nada mais justo dar o merecido destaque a ele:

Paulicéia

Nas estruturas de concreto há poesia
Nos trens lotados: suor, cansaço e euforia
Gente apressada, preocupada, em estado de agonia
Essa é a metrópole da garoa, terra boa, que não falta alegria