quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Calor, humanos!



Começo este texto pela foto e uma frase-chavão, do filósofo chinês, Confúcio: "uma imagem vale mais do que mil palavras".




A foto é simples e mostra uma mulher dando água a um cão. A vida na metrópole é avassaladora. O tempo parece engolir a gente, que tenta fazer diversas coisas ao mesmo tempo, corre contra o relógio, e no fim do dia chega à conclusão de que não conseguiu realizar metade dessas tarefas.


Estava hoje, exatamente nessa luta diária, e me deparei com a cena da foto. Aliás, tive o prazer e por que não dizer, privilégio de participar dela. Saí apressado de um prédio na esquina da Rua Humaitá com a efervescente Brigadeiro Luiz Antônio, e notei que esta mulher vinha apressada atrás desse cachorro: "toma a água, toma a aguinha", dizia ela, e o cão, meio sem entender a gentileza, acelerando o passo. No calor que se descortinou na Pauliceia, nesta bela quarta-feira ensolarada, o pobre cão caminhava com meio metro de língua para fora.

Saí do prédio, acelerei o passo e ouvi os pedidos da mulher. Entendi a cena, cerquei o cachorro e a mulher, que nem faço ideia de quanto tempo e de qual ponto iniciou a perseguição, finalmente conseguiu ofertar-lhe um copo descartável, grande, repleto de água. Em segundos, o cachorro secou a gentileza, e logo o evento começou a ganhar plateia. A mulher ficou observando, e, no momento da foto, ela pegou o copo e pediu mais água, num bar em frente. Depois da foto, parti.
Quantas pessoas nessa cidade prestam atenção a um cachorro na rua? E por mais apressada que tivesse, a mulher não perdera mais que 10 minutos para matar a sede do animal.

Não sei o que aconteceu, mas o gesto da mulher me deixou eufórico com a humanidade, que a cada dia que passa, se mostra mais individualista, mesquinha e hipócrita. Tem gente que passa o dia em redes sociais postando correntes de ajuda a animais, pessoas doentes e afins, e se restringe a isso, como se tivesse fazendo um grande bem ao planeta.

Altruísmo é isso. É ter percepção e ajudar sem segundas intenções. Experimente desligar o computador e sair às ruas, repetir um gesto como este, visitar um asilo, um doente. O mundo precisa de calor humano e nossa genética já soube fazer isso muito bem. Hoje, tenho minhas dúvidas.