segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Adeus retranca

Zago e Valdir J. Moraes: feliz com o retorno ao Palestra

Enfim a diretoria do Palmeiras fez algo de útil: demitiu o retranqueiro Muricy Ramalho do posto de técnico da equipe e trouxe, rapidamente diga-se de passagem, Antonio Carlos Zago. Demorou muito pra isso acontecer. O fracasso no Brasileiro-09, que sequer levou o time à Libertadores, depois de liderar por um bom tempo o campeonato, já seria motivo suficiente para ele ter passado o Natal desempregado.

Um técnico de ponta e "bom pra caramba" como se autodefine não pode ficar lamentando derrotas e culpando a falta de elenco. De banco. Oras, um time com Marcos, Danilo, Pierre, Diego Souza e Cleiton Xavier não é um time pra ficar tomando sufoco jogando contra times medianos.

Enfim, o pior já passou. As esperanças se renovam com a chegada de Antonio Carlos e o anúncio do atacante Ewerthon (quanta firula pra escrever Everton!). Daqui pra frente é soltar o freio de mão do time e deixá-los jogar. Eles sabem fazer isso muito bem. Sem táticas mirabolantes e excesso de volantes. Porque futebol se ganha no ataque, na insistência e na pressão.

Aquele estilo ultrapassado de dominar a marcação pra depois pensar em atacar o adversário vai perdendo espaço, a cada dia, para a ousadia dos novos técnicos. Eles não têm medo de atacar. Foi assim com Silas no Avaí, ano passado, com Dorival Júnior no Vasco, e agora no Santos, ou seja, aquele festival de volantes preocupados em destruir sai de cena para a entrada de meias criativos e atacantes velozes.

Ainda é cedo para enquadrar Antonio Carlos nesse perfil, mas a juventude dele o faz enxergar o futebol de outra forma, semelhante a sua geração. Ontem mesmo, no clássico com o São Paulo, ele já deu mostras disso: promoveu a estreia do lateral Eduardo no lugar do inconstante e estabanado Armero e, com apenas dois volantes (Muricy poria uns quatro) Pierre e Márcio Araújo, foi pra cima do tricolor com Cleiton Xavier, Diego Souza, Robert e Lenny. E o resultado do jogo (2 a 0) mostra que ele começou no caminho certo!

Foto extraída do site globoesporte.com - Julyana Travaglia

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ocupação Chico Science: um mangue de excentricidades

No último sábado, 6, acompanhado do amigo Carlos Petrocilo, estive na mostra Ocupação Chico Science promovida pelo Itau Cultural, na Av. Paulista. Simples pelo espaço destinado e ao mesmo tempo extravagante pelo estilo e a diversidade cultural ali retratada, Science - onde quer que esteja - deve ter ficado feliz, 13 anos após a sua morte, por ter a sua obra reconhecida e visitada por inúmeros órfãos de suas batidas.

De objetos pessoais como óculos peculiares, roupas exóticas e o característico chapéu de palha sem aba, a Ocupação permite que qualquer pessoa se vista de Science e tire uma foto como o "precursor do manguebeat" se paramentava.


Na mostra você verá de tudo, desde criativos cartazes para divulgação de shows até recados e pequenas reflexões da época em que assinava Chico Vülgo. Um sem número de fotos ao lado de amigos e sempre sorridente, Science parece ganhar vida em cada objeto que um dia foi dele. Credenciais, tambores e um reluzente Landau na entrada da Ocupação exibe videoclips e entrevistas o tempo inteiro, numa tela instalada no porta-malas. Ao lado de pequenos puffs para prestigiar esses vídeos, uma prateleira com os livros que influenciaram seus pensamentos estão ao alcance das mãos do visitante.

Além da mostra em si, uma série de eventos marcará esse período. Debates, shows, exibição de curtas e documentários sobre a cena manguebeat recheada de personagens que dividiram com Science a criação do movimento e revolucionaram de algum modo a música dos anos 90.

A Ocupação Chico Science vai de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2010, ou seja, você tem dois meses - agora menos que isso - para reservar uma hora e prestigiar o poeta-caranguejo, que escreveu sua história em meio ao caos de Recife e Olinda, inspirado na riqueza natural de mangues enlameados e deixou um legado de influências na música, arte e cultura recifense. E rapidamente, como que propagado pelas antenas dos caranguejos, suas batidas ganharam o resto do país e do mundo.