quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Solidariedade não "cai" a mão

Há tempos venho observando o comportamento dos usuários do transporte ferroviário em São Paulo. Refiro-me especificamente à zona sul, entre as estações Interlagos e Berrini, cujo trajeto percorro diariamente a bordo do "concorde apressado".


Merece elogios a pontualidade do serviço, pois, todos os dias religiosamente às 7h16 adentro à composição e sigo tranquilamente para o meu trabalho. Tranquilamente em termos. A mochila pesa e ninguém (ou quase ninguém) se manifesta ou esboça solidariedade. E pra piorar, ao longo do trajeto o número de pessoas se amontoando contraria a lei da física.


Hora do rush: aperto e sacrifício para embarcar



Não importa a idade ou o tamanho da bagagem, a maioria dos passageiros que se encontram sentados, sequer levantam a cabeça para ver quem está viajando em pé. Seja atrás das cortinas de um livro ou mergulhados no som de seus ipods e celulares, os poucos privilegiados que conseguem um lugar pra sentar e sonhar não estão nem aí para o próximo. Talvez a correria de quem estuda e chega em casa tarde justifique a sonolência da maioria, porém é imperdoável a vista grossa. Gente que apenas espia o esforço do vizinho e dá de ombros.


Quando criança, nas primeiras viagens de ônibus com a minha mãe, certo dia ela me ensinou: "Quando estiver sentado, sempre que alguém se aproximar com bolsas, mochilas ou carregando alguma coisa, peça para levar." Aprendi isso e sempre que posso, ajo dessa maneira. Nos trens da Paulicéia, justiça seja feita, vez ou outra vejo algumas pessoas prestando essa gentileza. Comigo, nos últimos 60 dias, posso dizer que fui agraciado pelo menos quatro vezes. Um número muito pequeno, se fizermos uma média pelos dias úteis.


Para encerrar o assunto, faço aqui um apelo: ao utilizar transporte coletivo, peça bolsas, mochilas, materiais e qualquer bagagem de mão que traga desconforto a quem viaja em pé. Não custa nada e amanhã você pode precisar dessa "mãozinha".


*Foto extraída do blog Metrô Fight